As características construtivas e os requisitos metrológicos dos paquímetros

As características construtivas e os requisitos metrológicos dos paquímetros
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Fonte do texto: https://revistaadnormas.com.br/ 

Os paquímetros, são ferramentas que possuem duas pernas ou mandíbulas ajustáveis para medir com precisão as dimensões dos objetos. São ferramentas de engenharia mecânica frequentemente associadas à metalurgia, mas também são usadas em diversas aplicações, incluindo armeiros, torneamento de madeira e marcenaria. Isso significa que há uma variedade de tipos diferentes, todos projetados para aplicações e tarefas específicas. Alguns são eletrônicos e apresentam visores digitais. São usados para medir objetos que não podem ser medidos facilmente com uma régua ou outro equipamento de medição. 

As duas pernas são presas a uma dobradiça central, o que permite que eles se aproximem ou se afastem para alcançar uma medida. Alguns tipos, por exemplo o de mola, requerem outra ferramenta de medição, como uma régua, para calcular a distância entre as pernas de medição. Existem as especificações normativas para as características construtivas, dimensionais e de desempenho de paquímetros com várias faixas de medição: os com faixa de medição até 2.000 mm e os de profundidade com faixa de medição até 1.000 mm; com valor de uma divisão do nônio de 0,1; 0,05 e 0,02 mm; com escala circular com valor de uma divisão de 0,1; 0,05 e 0,02 mm; os paquímetros e paquímetros de profundidade digitais com faixa de medição até 1.000 mm; e com resolução de 0,01 mm.

 

Da Redação – 

O paquímetro é um instrumento de medição mais conhecido para a realização de medições rápidas e relativamente exatas. Podendo ser feitas medições de dimensões internas, externas e de profundidade. Por ser um instrumento de precisão, devem ser tomados todos os cuidados para sua preservação, evitando pancadas, colocação de peças sobre o instrumento, queda sobre a bancada de trabalho ou mesmo no chão.

Os bicos de medição nunca devem ser utilizados como compasso, riscador, chave inglesa, martelo, etc. É recomendável que o instrumento permaneça em seu estojo quando não estiver sendo utilizado. Antes e após o uso, deve-se limpar bem o paquímetro para eliminar a sujeira e o pó depositado no instrumento, especialmente nas superfícies de medição e nas superfícies de contato da régua com o cursor.

Nunca se deve forçar o paquímetro ao colocá-lo ou retirá-lo da peça a ser medida. A medição deve ser realizada com uma pressão apropriada e constante entre a peça de trabalho e os pontos de contado do paquímetro. A leitura deve ser feita sem retirar o instrumento da peça de trabalho (o paquímetro deve ser aberto antes de retirá-lo) sempre que possível.

Os bicos externos são utilizados para medir dimensões externas como diâmetro de esferas, cilindros e comprimentos. Os bicos internos são utilizados para medidas de dimensões internas em tubos, chanfros, furos, etc. O medidor de profundidade permite mensurar a profundidade de furos ou ressaltos. O retentor do cursor mantém fixo o aparato de medição para realização da leitura que, com os bicos de medição fechados, a leitura do zero da escala na escala do paquímetro deve coincidir principal com o zero do vernier.

Segundo a NBR NM 216 de 02/2000 - Paquímetros e parquímetros de profundidade - Características construtivas e requisitos metrológicos, o projeto e a fabricação devem ser tais que o desempenho do paquímetro cumpra com as exigências da norma e os instrumentos devem estar conforme as dimensões especificadas na tabela abaixo. A dimensão deve ser tão longa quanto possível.

O máximo comprimento dos medidores deve ser 1/3 da faixa de medição com um máximo de 300 mm. A projeção dos medidores do paquímetro com valor de uma divisão de 0,01 mm e 0,02 mm devem ser tão curta quanto possível tal que não influencie as medições, uma vez que o paquímetro não segue o princípio de Abbe, o que pode provocar erros nas medições. O projeto fica a critério do fabricante.

O comprimento de uma divisão da escala principal sobre a régua de um instrumento com nônio deve ser de 1 mm (um milímetro). A escala principal deve ter o comprimento da escala da faixa nominal mais o comprimento do nônio.

No caso de um instrumento com escala circular, o comprimento de uma divisão da escala sobre a régua pode ser maior que 1 mm. A marcação da escala sobre a régua e nônio deve ser nítida e perpendicular à (s) superfície (s) da guia. No caso de paquímetros sem erro de paralaxe, a escala e o nônio devem estar no mesmo nível.

Em qualquer posição do cursor, a distância entre o cursor e a régua não deve exceder a 0,03 mm ao longo do comprimento da escala do nônio. A indicação no visor digital deve ter um bom contraste para facilitar a leitura. A altura dos algarismos não deve ser menor que 4 mm.

A velocidade máxima admissível de movimento do cursor deve ser indicada pelo fabricante e deve ser de pelo menos 0,5 m/s. O visor digital deve ter um dispositivo apropriado para indicar erros de operação e erros de sistema. Como exemplo, pode indicar quando a velocidade máxima de movimento do cursor for excedida.

Os paquímetros digitais também podem ser capazes de transferir dados. Neste caso o fabricante deve detalhar os dados do protocolo de saída (interface). O grau de proteção (IEC 529) deve ser especificado pelo fabricante. A régua deve ser longa o bastante para que o cursor, quando medindo, não ultrapasse o limite superior da faixa de medição.

O cursor deve se mover suavemente sobre a régua em toda a faixa de medição. O cursor deve ser equipado com um parafuso de trava ou um dispositivo de trava. Os paquímetros devem ser fabricados de material resistente ao desgaste, apropriado para ter uma superfície bem acabada e que assegure uma estabilidade dimensional pela sua própria natureza ou por meio de um tratamento adequado.

As superfícies de medição devem ser duras e resistentes ao uso e não ter bordas agudas. O fabricante deve indicar o coeficiente de expansão térmica. A temperatura de referência padrão deve ser de 20°C de acordo com a NM-ISO 1. O instrumento deve cumprir com os requisitos da norma, como o método de calibração.

Os requisitos de retitude, planeza, repetitividade e paralelismo das superfícies de medição não são dados separadamente. Os instrumentos com indicação analógica têm um ponto de zero fixo. Os instrumentos com indicação digital podem ser zerados em qualquer posição na faixa de medição. Os requisitos da norma se aplicam quando o zero é fixado com as superfícies de medição pressionadas uma contra a outra.

As exigências para o erro de indicação se aplicam para qualquer indicação baseada na posição de zero fixada na norma. Estas exigências se aplicam independentemente da amplitude de medição do instrumento. O erro de indicação não deve ser maior que o máximo admissível apresentado nas tabelas abaixo.

Os métodos de calibração devem avaliar o desempenho do instrumento em toda faixa de medição. Os métodos descritos abaixo não são os únicos métodos de calibração válidos, mas estes são recomendados para serem usados preferencialmente.

Uma curva de calibração é o meio mais simples de avaliar o desempenho do instrumento sob calibração. Esta curva também é usada na certificação como prova de calibração.

O erro de indicação pode ser avaliado com blocos-padrão de acordo com a ISO 3650 e com anel-padrão. A marcação deve indicar no mínimo o seguinte: o nome ou marca do fabricante (ou fornecedor responsável); a faixa de medição; o valor de uma divisão ou resolução; e o número individual de identificação.

Algumas dicas para a aplicação. Os paquímetros não seguem as condições prescritas no princípio de Abbe. Existe uma folga causada pelo jogo do movimento do cursor bem como pela pressão da superfície de medição móvel contra a parte a ser medida.

Isso resulta em desvios angulares, os quais influenciam no valor da medida e na incerteza de medição. Para reduzir esta influência, a peça de trabalho deve entrar em contato com as superfícies de medição do paquímetro o mais próximo possível da régua. Por esta razão, o comprimento das superfícies de medição b do medidor deve ser tão longo quanto possível.

Os erros máximos admissíveis de indicação são dados em função do comprimento medido, que é mais real do que ter um valor constante para comprimentos maiores. A temperatura e os fatores de deformação têm uma influência orientada pelo comprimento.

Como resultado, a menor incerteza possível de medição é maior do que a menor fração de milímetro indicada. Esta deve ser levada em consideração quando avaliada a última fração de milímetro no resultado medido.

No caso de instrumentos com indicação digital, deve ser dada atenção para os fatores ambientais, por exemplo, campos magnéticos, campo elétrico, umidade, etc., os quais podem afetar as funções dos componentes eletrônicos do instrumento. A base dos paquímetros de profundidade estende-se para os lados, à direita e à esquerda da régua principal e no caso de se usar um lado ou ambos os lados, manter a superfície de medição bem apoiada no objeto, pressionando-a perpendicularmente de modo que não ocorra folga no contato entre o instrumento e o objeto durante a medição.

Artigo atualizado em 04/06/2024 11:11.